...UM MESTRE! (2ª parte)

É então que cria a Arquiconfraria das Filhas de Maria e Santa Teresa de Jesus (hoje chamado de MTA) onde reúne cerca de trezentas jovens (um ano depois: setessentas) e lhes diz: “[…]Não se trata de serdes monjas, nem sequer de vos sobrecarregar com novas obrigações ou de vos impor duros sacrifícios; trata-se apenas da serdes cristãs devera, e de vos proporcionar os meios para tal…”

 O seu amor pelas crianças sempre foi esplêndido, chamava-lhes flores (“cuidai destas flores que formam o jardim da igreja”). Sempre gostou de ser catequista, conseguiu ter cerca de mil crianças a frequentar a catequese numa altura de crise como foi a segunda parte do século XIX. Um dia, um grupo de crianças aproximou-se dele pedindo para também pertencerem à arquiconfraria, ele respondeu que não podiam mas que a partir daquele dia faziam parte do Rebanhito do Menino Jesus (hoje Amigos de Jesus).O desafio que lhes deixou foi “ser outro Jesus na terra”
Para as jovens da arquiconfraria, que chegaram a ser treze mil, começa a escrever livros de ajuda à oração como é o tão famoso “Quarto de hora de Oração”, e estende-se como escritor. Essas jovens são educadas para educarem na fé, mas existe um grupo que quer educar mais vivamente, e, na madrugada de 2 de Abril de 1876, sem conseguir dormir, e escrevendo, inicia a sua grande obra: Companhia de Santa Teresa de Jesus. Criou uma congregação a que chamou de Teresiana, onde as irmãs são não só educadoras de fé como também de homens, ou seja, professoras (como o seu sonho de criança).
É preciso fundar mais casas onde a Companhia consiga educar, e a crise da época é cada vez mais forte. Mas não tão forte como a sua fé e a sua força de ver Cristo glorificado. Entra em casos jurídicos onde sofre em silêncio não julgando quem o acusa e sendo ele próprio julgado. Chegam a ser ditados fortes castigos contra um noviciado inaugurado por ele cerca de três anos antes. Sofreu muito, silenciosamente, pensativamente, e...heroicamente!

Solitário, era como assinava e era conhecido aquando estava de retiro no Deserto de Las Palmas, e foi assim que partiu. Foi em retiro para o convento dos padres Franciscanos de Santo Espíritu del Monte em Gilet (Valência) e já sentindo o céu próximo escreveu o seu último artigo da revista “O Solitário” onde se liam palavras fortes, numa forte oração.
No dia 27 de Janeiro de 1896 deita-se com um ligeiro mau-estar. Às onze horas os monges encontraram-no quase sem forças a bater à porta da clausura. E, com 55 anos, deitado numa simples cama de convento rodeado de monges a rezar por si, Enrique de Ossó y Cervelló deixa para sempre a terra que tanto fertilizou com o seu espírito e a sua fé dando “Tudo por Jesus”.

Henrique de Ossó não se contentou em ser um simples sacerdote, quis dedicar-se à evangelização dos homens.
Com os rostos de Maria e Teresa gravados no coração passou uma vida curta em tempo, mas enorme em espiritualidade.
Viveu simples e atribuladamente, e a sua entrega a Deus levou a que fosse Beatificado por João Paulo II a 14 de Outubro de 1979, e canonizado pelo mesmo papa a 16 de Junho de 1993.Esta vida esplêndida pode ser lida no livro, que desde já aconselho, “Assim era Henrique de Ossó”.
Santo Henrique é um santo actual que no seu tempo de crise dizia ser necessário “amigos forte de Deus”. Este apelo aplica-se aos dias de crise também vividos hoje.
E digo mais…“ Tendes fé? Então, para a frente!”



Rui Canatário J3

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